terça-feira, março 13, 2007

Sempre Ausente

"Diz-me que solidão é essa que te põe a falar sozinho,
Diz-me que conversa estás a ter contigo?
Diz-me que desprezo é esse que não olhas pra quem quer que seja,
Ou pensas que nao existe nínguem que te veja?

Que viagem é essa que te diriges em todos os sentidos?
Andas em busca dos sonhos perdidos...

«Lá vai o maluco, lá vai o demente,
Lá vai ele a passar»
Assim te chama toda essa gente.

Mas tu estás sempre ausente
E não te conseguem alcançar.

Diz-me que loucura é essa que te veste de fantasia,
Diz-me que te liberta de vida vazia?
Diz-me que distância é essa que levas no teu olhar,
Que ânsia e que pressa que queres alcançar?

Que viagem é esse que te diriges em todos os sentidos?
Andas em busca dos sonhos perdidos...

«Lá vai o maluco, lá vai o demente,
Lá vai ele a passar»
Assim te chama toda essa gente.

Pois tu estás sempre ausente
E não te conseguem alcançar.

Mas eu estou sempre ausente
E não me conseguem alcançar..."

António Variações

Esta é talvez a letra com que mais me identifico, talvez pelos meus interesses pelo comportamento humano desviante e por psicopatologia.

Quando tendemos a fugir dos padrões sociais somos imediatamente censurados e até excluídos. É uma consequência inevitável e intrínseca ao ser humano. Isto porque nos regemos por estereotipos e preconceitos.
Mas é importante esclarecer que tudo isto tem uma razão de ser.
Estereotipos são modelos que arranjamos para organizarmos a informação no nosso cérebro. É como se tivessemos várias gavetas no nosso cérebro que equivalem a várias categorias, e quando conhecemos algo ou alguém, temos de arrumar de imediato essa informação. É uma necessidade. É uma implicância funcional do nosso organismo.
Preconceitos, como o próprio nome expõe, é uma concepção prévia que temos antes de conhecer a fundo uma situação ou uma pessoa. Mas é também uma necessidade funcional do nosso sistema.
Não gosto nada de ser teórica mas às vezes torna-se necessário recorrer à teoria para podermos compreender o funcionamento de certas situações. O que acho que é o caso.
A ignorância é sem duvida a principal causa do sofrimento.
Acabamos muitas vezes de ser vitimas e agressores de preconceitos e estereotipos, quando no fundo apenas estamos a agir segundo aquilo que sabemos.. Sabemos, neste caso, não Saber é lixado.
Se calhar o Saber sempre ocupa lugar..porque nos dá mais espaço de manobra.
Mas enfim.. Isto pra dizer que quem se rege mais por estereotipos e preconceitos é apenas ignorante.
Todos damos o nosso melhor. Todos fazemos o melhor que conseguimos. Se não fazemos mais.. é porque não sabemos como. Não temos a verdadeira consciência do certo e do errado. E isso eu não condeno jamais.
E a verdade é que muitas vezes eu estou sempre ausente..

1 comentário:

Corvo Negro disse...

Este blog foi-me sugerido por alguém que, segundo a própria, lhe terá sido também sugerido.

Ora, à pessoa que mo sugeriu esgaço um sorriso desmedido e direcciono-lhe a seguinte palavra "marota" (ah desgraçada).

O que aqui li não me é de todo novidade. Prova disso é o meu próprio espaço misantropo.
O que aqui li é precisamente (de uma forma condensada e realmente teórica) aquilo que através do lirismo que consigo, tento incutir ou inspirar nos outros.

Todos procuramos uma forma de felicidade, é inegável e indubitável essa odisseia humana.
A gnose é a minha e sei que o tempo jamais mo permitirá alcançar plenamente, porém, a minha ambição não é tão tirana, optando em contrapartida e em consciência, abrir caminhos ao pensamento, admitindo o nada que sou e represento.

Jamais poderemos entender ou aceitar o nosso exterior se não nos conhecermos minimamente a nós próprios.
Jamais exerceremos domínio ou influencia se o não conseguirmos interiormente.

Agradeço à pessoa que me sugeriu este espaço e congratulo a Rita, pelo papel que representa e ao qual se dedica.

A leveza de Ser equivale ao peso da consciência..