segunda-feira, dezembro 27, 2010

Última Hora

A sociedade está morta.

Numa tentativa de suicídio, consequente de milhares de anos de abusos e maus-tratos, a sociedade matou-se.

Quando era nova, queria crescer, e nessa corrida ambiciosa pelo progresso e pelo sucesso, esqueceu-se de si mesma.

Hoje, já não se conhece a ela própria, não sabe quem é, quem a pariu, quais os seus sonhos, quais as suas verdades, quais os seus encantos.

E deixou de ter amigos.. Hoje não fala com ninguém.

Este esquecimento, este desligamento conduziu-a à loucura.
Uma loucura de peito vazio, de mãos fechadas, de pés preguiçosos, de cara roubada.

E matou-se.

segunda-feira, dezembro 13, 2010

Aceitações

Terra infértil, da qual não nasce nem surte nada de nada.
Condicionamentos inférteis de destinos previamente desenhados, implicam-me na
impaciência de um tempo que me pare com expectativas de aceitação, de sabor a injustiça.
Arrancam-me o ventre e limitam-me as escolhas. As escolhas que já tinha tomado. E que supostamente são as que quero.
Que fazer perante tamanha impotência, senão continuar a andar e viver na felicidade que me é inata pelo primeiro impulso de respirar esta vida que me abriga?
Sou eu.

domingo, dezembro 12, 2010

'escavando'

"O universo reage constante e obedientemente às nossas concepções. O trajecto está preparado para nós, quer viajemos depressa ou devagar. Então, que nos deixem viver a conceber. O poeta ou o artista nunca antes possuiu esboço tão belo e nobre; porém algumas das suas futuras gerações, pelo menos, podiam alcançá-lo.
Que nos deixem viver um dia de modo tão deliberado como a Natureza, sem sermos desviados do trajecto por quaisquer cascas de nozes ou asas de mosquitos que caiam sobre os carris.
(...)
O tempo nada é a não ser o riacho onde vou pescar. Bebo nele, mas, enquanto bebo, vejo o leito arenoso e percebo como é pouco fundo. A tímida corrente desliza, porém a eternidade permanece. Beberia mais fundo e pescaria no céu, cujo fundo é polvilhado com seixos de estrelas. Não consigo contar um só. Não sei a primeira letra do alfabeto. Sempre me lamentei por não ser tão sábio como no dia em que nasci.

O intelecto é um cutelo. Discerne e abre caminho para o segredo das coisas. Não desejo ocupar as minhas mãos com mais do que o necessário. A minha cabeça é mãos e pés. Sinto todas as minhas melhores faculdades aí concentradas. O meu instinto diz-me que a minha cabeça é um órgão para escavar, como certas criaturas se servem do focinho e das patas dianteiras, e que com ele iria explorar e cavar o meu caminho por estas colinas."

Henry Thoureau

segunda-feira, novembro 29, 2010

Temperaturas

Tenho frio.
Dói-me o corpo e a alma, pelas inevitabilidades de estar vivo. Aqui, agora. Nisto.

quinta-feira, novembro 18, 2010

limite

Definitivamente, desisto.
Esta feira de modos medievais de comportamento não me cabe na tolerância. Invoca em mim as emoções mais rudes e desalinha-me a consciência. A minha verdade é outra, a minha paz é outra, o meu amor é outro. Deprime e chora-me a alma de compaixão pelos animais que, subjugados à vontade dos homens, sobrevivem num desalento e numa falta de amor cruel.
Nasci, cresci e vivi aqui tanto, mas não ainda o suficiente para me habituar a estes ideia bárbara da existência. E sinto que nunca me irei vergar a isto.
Chega. Pra mim chega. Há muito, muito tempo.


sábado, novembro 06, 2010

Feira dos Pobres


Feira do Cavalo.
Feira Nacional do Cavalo.
Feira Internacional do Cavalo.
Feira da imposturice e de vaidades.
Feira dos frustrados.
Feira dos que pensam ser ricos.
Feira dos pobres em espírito.
Feira dos bêbados.

Carnaval de wanna besismo.
República.. onde estás?..

Aqui massacram-se cavalos.
Aqui massacram-se vacas.
Aqui massacram-se almas de um povo que vive em miséria cultural, em miséria de valores e de humanismo.
Aqui choro e bebo, muito, para tentar não ver esta miséria que me rodeia.


quinta-feira, julho 01, 2010

Fora da Roda

Cansada.. Farta de andar fora do meu ritmo e ter de me submeter a esta loucura capitalista destruidora de tudo o que por cá existe.
Não quero ter estas capacidades de destruição do tempo e do espaço que me obriga a ter esta sociedade de consumo.
Quero sair desta roda gigante neurótica e poder expandir a minha criatividade e amor.
Aliás, foi para isso que vim cá e não para ser escrava de homens enlouquecidos e infelizes.
Ando à procura duma falha nesta roda.. e sei que estou cada vez mais perto. Doce utopia que me alimenta os dias e me dá força para continuar....

domingo, março 21, 2010

Columbofilias

Bem podem libertar pombos, para aliviar a consciência.. Assim, até parecem preocupados com o mundo, para além de gritar golos.

Mais uma vez o Separativismo

Eu escrevo, sim, embora ninguém me ouça ou leia.
Mas a minha natureza revolucionária impede-me de parar.
Não por competição, não quero ser melhor que ninguém. Não sou melhor que ninguém. Ninguém é melhor que outro. O difícil é entender isto.
Sinto que ninguém à minha volta entende.

É fantástico a capacidade do ser humano de sentir satisfação com a miséria alheia, é incrível a vontade, embebida em raiva e agressão, de derrotar o outro.
Há que ser superior ao outro, há que ser especial, há que ser perfeito, dizem eles.
Este desespero por ser o melhor transforma a natureza humana naquilo que há de mais feio para assistir: a agressão, o descontrolo, o desrespeito, uma nulidade criativa.

E o que é crime, afinal?
Qual é o príncipio deste crime?
O que está na origem de um comportamento de agressão entre adeptos de clubes diferentes?
Será a a adrenalina disponível no organismo que provoca a agressão gratuita, ou o simples facto de se sentirem superiores?
Clubismo!
Sexismo!
Especieismo!
Racismo!
'Religiosismo'!
Competitivismo!
Fascismo!
São alguns dos "ismos" que reflectem o sentimento de inferioridade do ser humano. O querer ser superior para não se sentir inferior.
O ser humano rejeita a colaboração e adopta a competição como modo de vida.
Como resultado: a agressão, a perda de respeito pela individualidade e liberdade do outro e, respectivamente, pelas suas.
Este separatismo, este desejo de contraste, levam à ruína humana, é inevitável.. Como é possível não ver isto???
Que irritação... está tão à frente dos nossos olhos!!
Caramba...

sábado, março 20, 2010

Futebol com Passos de Coelho..

Vamos sujar Portugal!! É este o lema diário da maioria dos lusos de ocidente..
A sujidade vergonhosa de uma política promotora de desigualdades e escravidão social.
Vamos sujar Portugal!! São os hábitos diários de um povo que por ignorância não sabe ver por si, não consegue enxergar para além dos goooooooooooooooooolos na caixinha mágica.
Prioridades medíocres de quem agora vem dizer de peito aberto: Vamos Limpar Portugal!
Eu fico a assistir.
Sinceramente, agradada-me a ideia de que este povo consiga unir-se por algo mais do que o estupidificante futebol.
É óptimo poder assistir a estas atitudes nobres e dignas de um ser humano evoluído e consciente, até porque agora com o nascimento do senhor do momento, podemos resolver todos os problemas da nação a passo de coelho.

sexta-feira, março 19, 2010

A máquina: Florence!

"This is a gift it comes with a price
Who is the lamb and who is the knife
Midas is king and he holds me so tight
And turns me to gold in the sunlight"


Earthlings

Vejam.. Se forem capazes!
O filme de terror mais impressionante que já vi até hoje. Com uma diferença significativa, este terror é mesmo real.

segunda-feira, janeiro 25, 2010

Esterilidades

Consegues ver-me?..
É que eu às vezes não me vejo, cobre-me a manta firme das minhas certezas e fico imersa no meu esquema confortável de movimentos e atitudes banais.
Inspiro e expiro, num ritmo constante, e fecho a porta a quem quer entrar. Ainda que a principal interessada a querer entrar seja eu.
Nem sei mais o que é que me prende, o que me bloqueia. Durmo!
E esta dormência estéril afasta-me da liberdade.
Parece-me que a teia que tenho andado a tecer está enrodilhada, ao ponto de não conseguir sair do mesmo sítio.
Quero acordar.

domingo, janeiro 17, 2010

Guaranteed

On bended knee is no way to be free
Lifting up an empty cup, i ask silently
All my destinations will accept the one that's me
So i can breathe...
Circles they grow and they swallow people whole
Half their lifes they say goodnight to wives they will never know
A mind full of questions and a teacher in my soul
And so it goes..
Don't come closer or i'll have to go
Holding me like gravity are places that pull
If ever there was someone to keep me at home
It wouldn't be you..
Everyone I come across, in cagess they bought
They think of me and my wandering, but i'm never what they thought
I've got my indignation, but i'm pure in all my thoughts
I'm alive..
Wind in my hair, i feel part of everywhere
Underneath my being is a road that disappeared
Late at night i hear the trees, they're singing with the dead
Overhead..
Leave it to me as I find a way to be
Consider me a satelite, forever orbiting
I knew all the rules, but the rules did not know me
Guaranteed.


Eddie Vedder

A leveza de Ser equivale ao peso da consciência..