segunda-feira, setembro 30, 1996

Solidão Graciosa

Estou sozinha, mas a culpa é minha. Quem manda a mim ser diferente?
Isolar-me no meio de uma multidão e pensar de forma diferente?
Mas sou feliz, incompleta mas sobretudo feliz. A vida sorri-me e eu.. bem eu rio-me pra ela e dela.
Chega de materialismos se o que faz de nós diferentes é a nossa anima o nosso espírito, o nosso karma.
A vida é realmente uma surpresa até ao último centésimo, à última grama, ao último milímetro, até ao fim.
Compete-nos a nós devendarmos este labirinto, este puzzle, este quebra-cabeças, esta merda.. Descobrirmos o significado das coincidências e acontecimentos aparentemente sem nexo e sermos superiores ao nos sentirmos inferiores.

sábado, setembro 21, 1996

Estados de Retórica

Será que o rio azul se tornou roxo? Só mesmo o tempo o dirá.
Porque é que este optimismo me impede de morrer, e me faz continuar a respirar este ar impuro?
Será que voltei atrás no rio e vou navegar mais uma vez o mesmo espaço, com a mesma vida e com o mesmo fim?
Porque é que a vida me continua a sorrir se não há ninguém real, com graça nesta vida que adoptei e insisto em não partilhar com ninguém?
Será que vou chegar a algum lado assim?
Porque é que me sinto tão feliz, se no fundo sou tão sozinha?
Serei assim tão ignorante ao ponto de pensar que sou feliz sem, no entanto, o ser?
Gostava que alguém me respondesse, mas não tenho ninguém a quem perguntar.
Não quero que me perturbem com amizades, se na verdade é impossível ser-se amigo de alguém que não faz por isso.
Tenho mesmo a ousadia de perguntar: serei desajustada?
Serei eu apenas mais uma criatura que faz parte do cenário da vida de outra?
Será que esse alguém não existe?
Será que a vida afinal não tem propósito algum?
Gostava mesmo que existisse alguém capaz de me responder. Porque só o facto de esse alguém existir, seria a resposta para todas estas perguntas.
A leveza de Ser equivale ao peso da consciência..