quinta-feira, outubro 03, 1996

Pó da terra e orvalho da manhã

Perguntam-me porque é que escrevo. Mas não sei responder, mas na verdade, não sei porquê. Será que a nossa macabra e complexa inteligência nos dá para termos estas taras sem as conseguirmos justificar?
Mas suspeito que seja porque não tenho ninguem a quem contar o que escrevo. Falta-me alguém que não existe, alguém criado do pó da terra e do orvalho da manhã, alguém que desejo conhecer, sem, no entanto nunca ter visto.
Será que procuro alguém que na realidade não existe e nunca foi criado? Duvido que alguém me possa responder. Mas será que esta esperança um dia vai acabar, me vai abandonar, desprezar, esquecer, evaporar?
Na verdade não sei porque a sinto dentro de mim. Não sei de onde veio, nem para quê. Só sei que não quero que se vá embora, pois eu preciso mesmo achar esse alguém que não existe.

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A leveza de Ser equivale ao peso da consciência..